É necessário ter cuidado com o uso da expressão "incitação ao ódio". Porém, no caso do candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, o termo aplica-se.
Primeiro, ele incitou os eleitores americanos contra os emigrantes vindos do sul, principalmente do México. Depois, quando o "Estado Islâmico" começou a fazer atentados por todo o mundo e a dominar as manchetes, Trump mudou o alvo dos seus ataques: em vez de emigrantes da América Latina, ele agita a população contra os muçulmanos.
Sua recente exigência de não permitir mais a entrada de muçulmanos nos EUA é absurda. O seu plano de expulsão e impedimento de entrada de todos os muçulmanos (turistas, emigrantes e até mesmo americanos adeptos da fé islâmica) viola a Constituição americana e qualquer norma internacional. No mínimo, por razões legais, essa regra não pode e não será colocada em prática.
No entanto, muito pior é o dano social que Trump tem causado com as suas exigências. Com a proibição de entrada, ele declara todos os cerca de 1,5 bilhões de muçulmanos do mundo potenciais terroristas. Isto é racismo e uma ofensa a todos os valores e direitos de liberdade de religião que os Estados Unidos defendem.
A exigência de Trump não é apenas vergonhosa, mas também perigosa. Com a sua ideia, ele continua incitando sentimentos de xenofobia e anti-islamismo em setores da população – e, com isso, joga exatamente o jogo dos extremistas islâmicos.
Não é necessária muita imaginação para entender que esse clima pode rapidamente evoluir para a violência, considerando o enorme arsenal de armas nos Estados Unidos. Isto porque os comentários de Trump encontram uma larga ressonância. Apesar de todas as críticas, ele continua a ser o principal candidato presidencial dos republicanos.
Por Martim Carrelo
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