O Reino Unido torna-se no primeiro país a abandonar a União Europeia e espalha o caos na economia internacional, deixando bolsas em perdas com a sua decisão.
Esta entrevista pretende apresentar o ponto de vista de uma pessoa que acompanhou as economias nacional e internacionais. Luís foi economista e aceitou responder às perguntas sobre este caso: o Brexit, a saída de Inglaterra ou o “País Imperial”, como é referido pelo próprio.
Na sua opinião, o que acha que terá levado a Inglaterra a sair da União Europeia?
Foram vários fatores. Em primeiro lugar, o facto de poderem controlar as entradas de emigrantes que estão a invadir toda a Europa e, em segundo, a Inglaterra é um país com tradições imperiais, que não aceita ser gerido por outros países ou por outros governos.
Vai trazer problemas para a economia inglesa?
Vai trazer vários problemas. Com o fecho das fronteiras, ficam isolados da Europa e os produtos importados vão ser mais caros, devido à desvalorização da libra, o que vai originar rotura de stock nas prateleiras dos supermercados, porque a Inglaterra não tem capacidade para produzir todos os alimentos necessários para satisfazer a população. As sanções económicas podem ainda agravar mais a situação. Para piorar a situação ainda mais para os ingleses, logo após o Brexit [British Exit, saída da Inglaterra da União Europeia], a Irlanda e a Escócia não querem sair da União Europeia, o que poderá levar a quererem a independência. Vai originar oscilações do preço do petróleo e a uma desvalorização face ao dólar e, por fim, oscilações da bolsa e diminuição das exportações.
Quais pensam serem as maiores preocupações da Europa neste momento?
A principal será que não seja a saída de Inglaterra um hábito para a saída de outros países da União Europeia.
Considera que pode originar instabilidade?
Sim.
Portugal poderá vir a sofrer?
Sim. Portugal é um dos países que mais exporta para a Inglaterra, por isso vamos ter consequências económicas face às exportações. Para termos uma ideia, no ano passado exportámos cerca de 1.439 milhões, valor dos bens transacionados entre Portugal e Inglaterra, ou seja, vai ocasionar uma quebra muito acentuada nas exportações para este país.
O que poderá acontecer com as comunidades portuguesas a viver em Inglaterra?
Penso que a comunidade portuguesa pode eventualmente sofrer, mas só o futuro o dirá. Após a constituição da União Europeia, este foi o primeiro país a sair; então, ainda ninguém sabe o que poderá vir a acontecer. Sabe-se que vai ser colocado em vigor o 50º artigo do Tratado de Lisboa, em que, segundo este, um Estado soberano poderá notificar a UE acerca da sua intenção de abandonar a instituição, obrigando-a, por outro lado, a negociar um tratado de saída com o Estado membro em causa, mas a saída terá de ocorrer o mais rápido possível.
O que aconteceu em Angola com as divisas poderá acontecer com a Inglaterra?
Em Angola é diferente, mas poderá vir a acontecer. Aliás, já aconteceu que a libra desceu drasticamente; em Angola, é diferente, pois a economia baseia-se no valor do “Brent” do petróleo, basta haver uma oscilação no valor e terão graves problemas, tal como está a acontecer neste momento, mas atenção que são situações diferentes!
Haverá alguma vantagem com esta situação?
Como o valor facial da moeda “libra” baixou face ao valor facial do euro, esta é a altura ideal para todas as pessoas que queiram passar férias em Inglaterra. No que toca aos produtos, vai haver uma quebra ao nível dos imóveis, da aquisição de automóveis, pelo que será uma boa altura para investir.
Que definição têm para este problema?
Tradicionalmente, os ingleses são individualistas e pensam sempre como sendo os “Senhores do Mundo”, que já foram. Porém, no mundo atual, não existe esse conceito que os torna isolados e fora da realidade do mundo atual, principalmente da Europa.
Por Luís Afonso
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